Ano par ou ano ímpar?

ANO PAR OU ANO IMPAR?

2007 – Abertura da Taxi Blue Comunicação Estratégica

Por Marisa Sevilha Rodrigues

Depois de ler a notícia de que nos Estados Unidos já declararam que o ano letivo acaba em setembro, por causa da pandemia do Covid_19, e suas consequências, obvious, eu fiquei pensando em como eu adoraria ter uma varinha mágica para fazer com que não só o ano letivo acabasse em setembro, mas o ano 2020, em todos os seus aspectos, reais ou virtuais. Aí, li um post da minha amiga Maria Beatriz Sayeg, dizendo que nunca gostou de ano par, mesmo, e fêz uma relação de todas as coisas boas que aconteceram na sua vida, só nos anos ímpares. Eu gostei da brincadeira e me pus a pensar aqui, se isso realmente pudesse ter algum significado místico-astrológico-psicanalitico ou sei lá, e fiz uma relação dos principais acontecimentos da minha vida – sim, só dos mais felizes, e não é que eles também aconteceram em anos ímpares?

Ei-los:

1979 – prestei e passei no vestibular para Letras, sem cursinho, na Unesp de Assis;

1981 – publiquei o meu primeiro livro de poesias, Anjo Descalço, com apenas 19 anos; ganhei prêmios literários, fiz lançamentos em São Paulo, lotados, onde não conhecia ninguém; e antes, no mesmo ano, participei do Projeto Rondon, em Humaitá, no Amazonas, onde dei aulas de atualização de Língua Portuguesa para professores que, por sua vez, davam aulas para índigenas e moradores à beira de igarapés e afluentes do rio Madeira. Lindo. Emocionante. Inesquecível.

1983 – Mudei-me para São Paulo e ingressei na Faculdade Comunicação Cásper Líbero, onde estudei Comunicação Social, com ênfase em Jornalismo. Nesse mesmo ano, também publiquei meu segundo livro de poesias, Maestro de Sonhos; ganhei outros concursos literários, dei palestras em faculdades e o livro virou até ingresso de danceteria. Eu já era marketeira e não sabia. Convenci o dono do Porão de Assis – SP, a comprar um lote de 150 livros (capacidade da casa) e dar de presente, junto com o ticket para cada cliente que viesse dançar; esqueci de saber se ele fêz isso ou não… e nunca soube, também.

1985 – encontrei o príncipe encantado e casei-me com ele, quatro meses depois.

1987 – fui contratada para trabalhar como Assessora de Imprensa da 19 Bienal Internacional de São Paulo, pela Fundação Bienal. Tudo o que fiz depois, como profissional de comunicação jamais se igualou a essa experiência fantástica de conhecer e conviver com artistas incríveis da pintura e pop art como Tunga, Iran do Espirito Santo, Leda Catunda, Adriana Varejão, Luiz Zerbini, Franz Krajberg, além de conhecer o trabalho de outros gênios cuja existência eu nem suspeitava, como Frida Kahlo, Remédios Varo, Marcel Duchamp, entre tantos outros.

 Em 1989, realizei o sonho da minha vida inteira que era trabalhar na empresa que tinha aquela arvorezinha como marca, a Editora Abril, e entrei para o time da Veja São Paulo, a querida Vejinha, como a chamávamos; depois ainda trabalhei no Guia 4 Rodas, onde viajei  e conheci o litoral inteirinho do Brasil, de ponta a ponta;

Em 1995 eu reencontrei, depois de dez anos, o amor da minha vida, e me casei com ele; tinha me divorciado, justamente quando? 1994, ano par.

Também em 1995 eu fiz minha primeira viagem internacional para Hasting, litoral sul da Inglaterra, onde fui morar por seis meses e aperfeiçoar o meu ingles; de quebra, acabei conhecendo Itália, França, Bélgica e Luxemburgo, com suas respectivas capitais. Na volta para o Brasil, ainda nesse mesmo ano, eu abri minha primeira agencia de comunicação, a Activa Press & Associados, com expertise em assessoria de imprensa, projetos editoriais, eventos e ações pontuais de marketing.

Em 1997, eu criei, produzi e apresentei o programa Conheça os Seus Direitos, chancelado pela Ordem dos Advogados do Brasil, OAB/SP e descobri minha verdadeira vocação: lutar pelos mais vulneráveis, desmistificar as leis e torná-las mais acessíveis ao povo, às pessoas mais simples, para que elas pudessem conhecer e ir atrás dos seus direitos; (descobri logo depois que entrei num conto da carochinha, mas essa é outra estória);

em 1999 eu comprei meu primeiro apartamento no Morumbi e casei-me com minha dívida própria (essa também é outra estória…rs);

Em 2003 eu botei o pé no segmento que considero mais importante da economia brasileira, pois banca 45% do nosso PIB, que é o agronegócio, como assessora de comunicação de um dos maiores grupos do setor  onde finquei minhas bandeiras, e estou até hoje, criando diversos projetos novos, entre eles o de uma nova agência, a Taxi Blue Comunicação Estratégica, em 2007, e o portal Boi a Pasto;

em 2015, eu, que continuava me dedicando à literatura, como poeta bissexta, criei coragem e resolvi botar a cara para fora. Nesse ano, criei o selo Prato de Cerejas, que acabou dando origem a Coleção Prato de Cerejas e, em parceria com a e-galaxia, publiquei os livros digitais de sete novos autores, eu inclusa, com um novo livro, o Cerejas Azuis da Meia Noite;

 em 2017, fizemos uma segunda edição da coleção, dessa vez com oito autores, e lancei, junto com eles, o Água para Borboletas.

Em 2018, minha mãe faleceu e eu perdi o chão e o rumo da minha existência, por uns dois anos. Ano par.

Em 2020, após um ano de governo do presidente Bolsonaro, o mais pernóstico e nocivo que já tivemos, desde que viramos uma República, eu, o Brasil e os brasileiros mergulhamos todos na nossa noite mais escura, da qual não estamos conseguindo enxergar nenhuma luz no fim do túnel, com a chegada dessa pandemia.

Mas como ano que vem é ano ímpar, bora atracar nossas esperanças por lá.

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