(Jorge Matsuda, um visionário que trabalhou incansavelmente pela agropecuária brasileira faleceu neste dia 01/01, em São Paulo, onde estava internado para tratamento de um câncer no Hospital Sírio Libanês. Seu corpo foi trasladado para Álvares Machado (SP), onde foi velado e enterrado na manhã do dia 03/01 sexta-feira, no cemitério local. O agronegócio brasileiro e a “família” Matsuda estão de luto.)
Por Marisa Rodrigues (*)
O agronegócio está de luto: faleceu na capital de São Paulo, no dia 01, por volta das 18 horas, o empresário e diretor-presidente do Grupo Matsuda, Jorge Matsuda. Líder em sua área de atuação, mais especificamente na pecuária, atividade econômica que ainda não existia no Brasil, na década de 70, e que ele, empreendedor nato, desenvolveu de modo quase incipiente, começando por recolher ramos de sementes de capim à beira da estrada e submetendo-os à pesquisa e cruzamentos genéticos, dando origem a uma variadíssima cartela de sementes forrageiras que seriam usadas para transformar os cerrados brasileiros, na região Centro-Oeste, numa das terras mais ricas e maiores produtoras de bovinos para corte e leite.
Formado em Economia e Administração, com MBA em agronegócio pela FGV – Fundação Getúlio Vargas, Jorge Matsuda mudou a paisagem brasileira ao transformar capim em ouro — o nosso ouro verde e amarelo — como ele mesmo costumava dizer, com bastante orgulho, é claro.Graças a uma personalidade raríssima, que combinava extrema energia e disposição para o trabalho, mais vontade incansável de empreender, além de muito bom humor para as festas, ele transmutou a empresa que recebeu de seus pais, Schichiro Matsuda e Fumiko Matsuda, em uma multinacional do agronegócio brasileiro, em apenas 30 anos.
Quando ele entrou na companhia, em meados de 1970, o Grupo Matsuda ainda era a Cerealista Matsuda Ltda, com apenas uma unidade, a matriz de Álvares Machado, fundada em 1948 por Schichiro Matsuda e Skio Sammi. Dali para a frente, tendo ao seu lado o primo e sócio Arilton Sammi, buscou parceiros em várias frentes, principalmente nas instituições de pesquisas, como o IZ- Instituto de Zootecnia de Nova Odessa, com 100 anos de tradição em pesquisas e melhoramentos de sementes forrageiras; Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias, IAC – Instituto Agronômico de Campinas e IAPAR – Instituto de Agronomia do Paraná, entre outros.
Ao associar-se ao grupo Cerise, no final da década de 90, a empresa fincou sua bandeira em terras mineiras. Junto com o sócio Leonardo Cerise, expandiu o negócio em diversas direções brasileiras, ocupando as fronteiras do Norte, Centro Oeste e Nordeste. Em apenas uma década, entre os anos 2000 e 2012, inaugurou as unidades de Cuiabá (MT), Goiânia (GO), Imperatriz (MA), Jacareí (SP), Vitória da Conquista( BA) e Pecém(Fortaleza). Em apenas dez anos, essas mesmas instalações foram muitas vezes ampliadas, tendo suas instalações multiplicadas. Além do beneficiamento das sementes forrageiras, todas as unidades produziam e distribuíam suplementos minerais, medicamentos veterinários, equipamentos agrícolas e produtos especiais para a linha pet, outro mercado poderoso que Jorge descobriu, junto com o sócio Leonardo Cerise, e investiu pesado, abrindo a primeira fábrica da marca Matsuda Petfood em São Sebastião do Paraíso (MG), em 2002. Da pequenina Álvares Machado, SP, ele exportou a marca Matsuda para o mundo. Atualmente, a empresa que dirigiu por quase 50 anos está presente em 21 países, entre América Central, América do Sul e Europa, possuindo além das unidades estaduais, vários centros de distribuição e representantes comerciais regionais, estrategicamente localizados.
Na família e com os amigos, Jorge Matsuda não foi diferente, pois sua personalidade inquieta o obrigava a ser sempre o primeiro a acordar e o último a ir dormir, não importando se o assunto fosse trabalho ou lazer. E, nos eventos corporativos, não era raro aparecer vestido de Elvis Presley, Johnn Lennon, xeique árabe e até um impagável Frank Sinatra, para loucura dos fãs. Sim, Jorge Matsuda tinha fãs e seguidores, pois além do líder nato, com quem sempre aprendiam, todos sabiam que ao lado dele a descontração estava garantida. Fosse em grandes convenções anuais junto com os representantes, em cruzeiros ou résorts, ou em petit-comitteés, Jorge sempre dava um jeito de alegrar a festa, cantando, tocando bateria ou fazendo imitações, sempre hilárias, dos seus ídolos do rock. Adorava um bom churrasco, e bons vinhos. Jorge Matsuda, ou simplesmente JM, como era chamado pelos mais íntimos, não deixava a peteca cair nunca, pois vivia com uma perna no presente e outra no futuro. Não é por outra razão, que deixa, como legado, além da maior companhia multinacional, totalmente brasileira, líder em sementes para pastagens e segunda no ranking de suplementos minerais, o slogan para o seu norteio, nos próximos dez anos: Matsuda, rumo ao Século XXII.
Casado com Julia Matsuda, o empresário deixa os filhos Katia, Leonardo e Aline, e as netas Luana e Lara. Seus filhos estão trabalhando na direção da empresa que ele mais amou em sua vida, além da mãe D.Fumiko Matsuda, de 95 anos, e dos irmãos Hiroshi, Helena Keiko, Edna Satiko, Teresa Hatsuko e Maria Matsuda. Seu corpo foi trasladado para Àlvares Machado (SP), onde foi velado e enterrado no cemitério local. Em seus últimos instantes de vida, fez um último pedido: solicitou àqueles que quisessem lhe enviar flores, que, em vez disso, fizessem doações do mesmo valor, para o Hospital Regional do Câncer de Presidente Prudente (SP). A todos os amigos, familiares, colaboradores e funcionários fica uma profunda tristeza, mas, como bem resumiu sua filha Aline, durante seu funeral, sua presença espiritual será eterna e suas lições serão sempre seguidas por todos que continuarem com a saga da Matsuda, pois ele deixou exemplos e atitudes muito fortes, que nunca serão esquecidos. “Sempre teremos a sua estrela nos apontando o caminho a ser trilhado e essa certeza nos conforta”, concluiu.
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(*) A Jornalista Marisa Rodrigues é assessora de Comunicação do Grupo Matsuda por quase duas décadas, e acompanhou o empresário Jorge Matsuda em suas andanças pelo Brasil inteiro, à época da produção do Agro Future Pec, evento pioneiro assinado por ele e promovido pela marca Matsuda, que levava tecnologia de ponta aos lugares mais longínquos do País, entre 2002 e 2010, num tempo não tão longínquo assim, mas muito carente de informação, pelos pecuaristas, em especial, àqueles com menores recursos, o que demonstrava que ele também tinha uma grande preocupação social.